quarta-feira, 27 de maio de 2009

MEAS (Movimento Estudantil do Alto Sertão): Desocupação




Existem momentos na vida que temos a oportunidade de olharmos no espelho, ou, nos olhos de um companheiro de luta, e dizer: é chegada a hora de recuar. Isso é amadurecimento! Tivemos os últimos 73 dias para construir esta consciência, e depois de amadurecida é o momento de torná-la pública.Não me permitirei aqui falar sobre aqueles que ficaram contra, ou em cima do muro, sem saber o que apoiar. A fala de hoje vai em forma de abraço a todos aqueles que desde o início se sensibilizaram com a causa e abriram mão de inúmeros projetos pessoais em prol desta idéia. Mas não só para eles, visto que os louros também devem ser estendidos à população em geral. Como me esquecer daquele senhor que chegou à porta da universidade nos primeiros dias de ocupação com um pacote de macarrão e uma caixa de molho de tomate numa sacola, e disse: “não tenho ninguém estudando aí hoje, mas o futuro é um mistério e se vocês não estivessem aí o futuro seria uma dúvida”.Recebemos apoio dos mais diferentes lugares e das mais diferentes pessoas, tivemos que abrir mão de alguns dogmas, como o de não aceitar o apoio político para as negociações, mudamos de idéia e quando o fizemos fomos abraçados e ajudados no que foi possível pelas representações do poder público municipal da cidade de Caetité - BA, entre eles vereadores, presidente da câmara, vice- prefeita e o próprio prefeito.Se pensarmos no principal objetivo do movimento ele ainda não foi alcançado, mas o caminho está pronto, agora vamos precisar ainda mais de todos os que antes estiveram ao nosso lado. Hoje dia 27 de maio de 2009, depois de 73 dias estamos desocupando a UNEB, mas é bem provável que ela não volte à normalidade visto que desde o mês de fevereiro o Campus VI não recebe as verbas necessárias para o seu funcionamento. É hora de parar e pensar sobre nossas responsabilidades no momento de escolher nossos representantes. Não estou aqui defendendo ninguém até por que não encontrei um só candidato digno de defesa, só estou apelando aos “Cidadãos” que repensem seu papel na sociedade e depois o assuma. *Ressalto publicamente, que continuaremos lutando pelos nossos ideais de uma educação superior que seja pública, gratuita e de qualidade, mas acima de tudo, HONESTA para com aqueles que se dispõem a participar de uma comunidade acadêmica onde as pessoas escolhem construir a sua própria historia sem aceitar de forma passiva o que lhes é imposto. Não podemos esquecer que “o sertanejo é antes de tudo um forte”. Por esta e outras razões, o MEAS continua na luta!!!
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*A conclusão a partir daqui é mérito de Eliana Márcia Carvalho.
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sexta-feira, 22 de maio de 2009

MEAS (Movimento Estudantil do Alto Sertão): Dois Meses de Ocupação


Lá se vão dois meses de uma esperança que insiste em não cessar, de uma esperança que não encontra obstáculos que a mantenha limitada. Todavia, esta não é apenas uma luta travada em prol de ganhos de cunho Material. Não. Trata-se da morte ideológica de muitos dos que participam desta resistência, pois cremos intensamente por toda a nossa vida estudantil, na existência da luta entre classes, e sabemos que mesmo que tentem disfarçar em discursos de igualdade ela acontece e só não percebe quem não reflete sua própria realidade, e tenta absorver realidades alheias na tentativa frustrada de fugir à sua.
Foi deste conflito de classes que nasceu no ABC paulista no início da década de 80 o PT (Partido dos Trabalhadores). Ele que surgiu exatamente dos conflitos entre capitalistas e explorados pelo capitalismo. Agora insiste em agir como um típico partido de direita, fechado aos interesses dos grandes opressores que povoam a história da humanidade, em governos que beneficiam apenas uma pequena minoria privilegiada. Dirão que este é um discurso marxista e obsoleto, mas desde quando a busca por uma emancipação humana está fora de moda? Creio que perdemos algumas referências e isso de certa forma nos enfraqueceu, mas não deveria prejudicar nosso espírito. Quando rompemos com o carlismo no governo da Bahia tínhamos certeza de que não seria fácil consertar tudo, mas restava a convicção de que uma das principais bases democráticas seria respeitada: o dialogo.
Acreditávamos que tendo o governo federal ao nosso lado as coisas aconteceriam de forma mais tranquila. Triste engano. O governo da Bahia realiza concurso público para a policia militar e não para professores, por que acredita que “bater” é mais fácil que educar. Que o povo tem que apoiar o governo pelo medo e não pela consciência, que democracia é: “sim senhor” e não questionamentos, que a busca por explicação é incitação a desordem e tudo isso gerado por aquela anterior falta de dialogo. É crime brigar por uma educação de qualidade? Se for prendam-me e condenem-me a prisão perpétua. Por que eu prefiro viver recluso a ter que acreditar que a educação perdeu o sentido na construção do ser humano.
No dia 16 de maio de 2009 completamos dois meses de ocupação da UNEB nos campus VI (Caetité), XII (Guanambi) e XVII (Bom Jesus da Lapa). Resistimos! Resistimos ancorados naqueles que assim como eu acreditam que não basta passar pela universidade e sair com um canudo embaixo do braço, é preciso refletir e acima de tudo viver aquele espaço. Não basta adentrar o mercado de trabalho e realizar o que todos os outros já fizeram antes, temos que extrapolar os nosso limites, e isso só acontecerá quando tivermos o suporte que só a educação de qualidade nos oferece.
O MEAS não é unanimidade, e provavelmente não existiria se fosse, pode não contar com a maioria por que historicamente estão ocupados demais com seus problemas particulares para se preocuparem com o coletivo. Porém conta com um grupo que apesar de reduzido está consciente de seu papel na sociedade, e eu pessoalmente acredito que um homem consciente e politizado vale mais que uma massa alienada. Por isso eu convido a todos que reflitam sua realidade, pensem no que acham que não está certo e o que pode ser feito para mudar, por que podemos não mudar o mundo, mas mudaremos nossas vidas.

* Depois de 67 dias de ocupação fica ainda mais clara a idéia de que só a educação diferencia os homens dos outros animais, mas uma educação com responsabilidade social. E como sei que não se fazem revoluções sem livros, ofereço-lhes a imagem da minha pequena biblioteca como inspiração.
*Créditos da foto Teobaldo Marinho de Souza Neto

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Céu


Os passos são caros, caros e raros como se escalassem uma montanha, no entanto, caminham no plano. Na linearidade do comodismo e do alheamento, na impessoalidade de achar que outro virá e resolverá.
Os tempos estão áridos, mas uma esperança insiste em brotar entre os espinhos passivos, que não passam e nem deixam passar, mas o céu está acima, e nem ele é o limite.
Créditos da foto: Professor Antônio Claudio Barbosa (Claudinho)

terça-feira, 12 de maio de 2009

"Eternamente"


Hoje as pedras que encontrei no caminho, serviram de ornamento para o meu novo jardim.

As flores que enfeitam o ambiente têm os mais diversos cheiros, exalam perfumes sem fim.

O aroma que rasga o ar transcende o sensível, escapa a conceitos e definições, se esconde depois extasiado num peito chamado paixão.

Rompe de agora em diante com o saudoso, o nostálgico e a melancolia, segue apenas em busca do gozo, da festa, da alegria, e que esta seja “eternamente” a de viver.
*Créditos da foto Teobaldo Marinho de Souza Neto