terça-feira, 31 de março de 2009

Eu

Tive já a oportunidade de ouvir sobre os meus textos, de que estão muito carregados de dor, tristeza, solidão, descrença, e inúmeros outros sentimentos tidos como “negativos”. Eu não sei, mas se tivesse a oportunidade gostaria de saber quem construiu o conceito de negativo. E depois de descobrir o contexto em que este foi concebido, iria decidir se realmente são nocivos: a dor, a tristeza, a solidão e a descrença.
Por enquanto vou me permitir apresentar-lhes o meu ponto de vista em contrapartida ao conceito apresentado pelo dicionário. Comecemos por dor que segundo o Aurélio é uma sensação desagradável. No entanto a definição não diz que esta “sensação desagradável” é um mecanismo que o corpo tem para nos proteger do perigo, ou, para mostrar-nos que é possível parar e pensar o que foi feito de errado e onde se
pode mudar, é como são tratados de certa forma a solidão e a tristeza, como se fossem apenas conceitos abstratos. Não são. Posso estar entre milhares e só, ou estar perfeitamente bem acompanhado em minha própria companhia. Não ter escolhas é que se configura solidão. Diante desta impossibilidade é que a tristeza ascende ao conceito que usamos dela.
O dicionário diz que tristeza é a ausência de alegria, como se só existisse dois caminhos; ou se está triste ou alegre. Quem dera o ser humano fosse tão simples, talvez se fosse assim, eu seria menos triste e menos só. Quanto à descrença, o próprio nome já traz seu conceito implícito - a falta de crença - digo que aqueles que formularam esta idéia ao meu respeito estão redondamente enganados. Acredito em muitas coisas que se podem supor, e só como exemplo posso citar: creio profundamente na amizade e no completo abandono em prol desta. Acredito no amor. Mesmo que de vez em quando eu pergunte se ele existe. Sinto com toda intensidade possível a necessidade que o ser humano tem do convívio social, apesar de adorar ficar só. Mas como disseram inúmeros pensadores ao longo da história, solidão só faz bem quando é uma questão de escolha. Quanto a mim, não tentem entender. Apenas convivam, é mais fácil.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Darwin tem razão

Lamento ainda que o moralismo propagado pela alta sociedade e tão arraigado em esferas rasteiras em possibilidades venha a me ocupar o tempo em discussões que não me trarão nada de que eu possa vangloriar-me num futuro próximo. (Um simples vaso transparente de tampa vermelha recheado de salgados para o lanche da tarde)? Qual a valia desta discussão? Aí me deparo com Pessoas que não se manifestam nem para dizer o que pensam (se é que pensam), de um dado assunto, e tratam movimentos sociais como oportunidades para não ter que ir a universidade assistir a quatro ou cinco horas de aula. E se mantêm apáticas a todas as manifestações que envolva a mínima necessidade da defesa de idéias, remetendo-me a clara certeza: Darwin não só tem razão – com a teoria de que evoluímos dos primatas - como também a de ser dito que algumas pessoas continuam agindo como se não tivessem evoluído, e mesmo em ambientes “acadêmicos” e que pelo menos em tese deveria suscitar o debate, falta o essencial – argumentos fundamentados – daí só me resta aconselhar dois caminhos, primeiro e penso que seja o mais importante: leiam para pelo menos ter o que falar, e segundo no caso da ausência de leitura e consequente ausência de argumentos, fiquem calados. (pelo menos a dúvida permanece). No mais ainda decidem agora falar-me de ética e tratos sociais. Como se perambulassem pelas mais finas castas da sociedade mundial. Preciso urgentemente voltar a ser aquele chato e seletivo sujeito de outrora, porque meu estômago não suporta mais tanta popularidade*.

* Convivência com alguns universitários de alcova.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Corações Sertanejos

Uma voz que ecoa solitária se perde na limitação do seu próprio grito.
Quando as gargantas se multiplicam as idéias ganham corpo e as dúvidas tornam-se certezas, os clamores emanam dos corações sertanejos e pelas correntes de ar chegam a capital: mais fortes, mais bravos e repletos de indignação. Soluçam por direitos, exigem solução. não emudeceremos nossa voz! Gritaremos ainda mais alto frente a tentativa de qualquer repressão.

Conceito de dor

É tão abstrato o conceito de dor que sinto-o em cada centímetro do meu corpo, e não consigo entende-lo.
O claro azul típico do céu de verão deu lugar a pálida paisagem de outono, nostálgica e fria como as palavras que cortam minha alma.
No fim de tudo eu lamento a dor que não sinto no coração, lamento não ter mais coração. É aqui diante da consciente ausência que a dor se propaga com mais intensidade, porque só se sente falta* do que já se teve.



*Saudades da convivência diária com minha família.

terça-feira, 24 de março de 2009

MEAS


Nestes primeiros dias de outono o céu cinzento do fim da tarde é o extremo oposto do claro e brilhante céu de brigadeiro em que brilham as esperanças daqueles que compõem o MEAS.
Descem os primeiros louros e a vitória não tardará, mas antes que esta deusa se deite em verdes campos de tranqüilidade, as batalhas de cada dia mantêm motivados os bravos soldados que lutam por soluções, certos de que só nos restam oportunidades. E mesmo que pareçam apenas gotas, somos bem mais.

quinta-feira, 19 de março de 2009

MEAS (Movimento Estudantil do Alto Sertão): estado de ocupação

São nos momentos mais críticos que descobrimos com quem podemos contar. É sem dúvida nestes momentos de dificuldade extrema que se faz necessária a construção de unidades, onde os interesses individuais são esquecidos em prol de uma coletividade muito mais ampla, muito mais abrangente. Em momentos como estes deixamos de ser caetiteenses, guanambienses, cruzalmenses, enfim, esquecemos nossa naturalidade. Tornamos-nos unebianos, e aos que se negam a se assumirem como tal, revejam o que de fato estão indo fazer em cada Campus nos quais estudam. Pare e pense novamente o que você fez para melhorar essa universidade. E não se preocupe em responder, sua resposta só serve a você.
E foi desse abandono de interesses individuais, em beneficio de todo o coletivo que nasceu o MEAS (MOVIMENTO ESTUDANTIL DO ALTO SERTÃO). Abandonamos as equações matemáticas, as construções sintagmáticas, os estudos teóricos ingleses da obra de Shakespeare, os processos químicos que constituem o corpo humano, os levantamentos de tempo e espaço. Deixamos de nos educar fisicamente e de propor soluções pedagógicas; deixamos de tentar administrar realidades utópicas, tomamos as rédeas de uma luta que só interessa a nós. Entendemos que para que sejamos capazes de exercer nossa subjetividade com dignidade é preciso que o todo esteja em equilíbrio e é por este equilíbrio, por essa ordenação, que estamos aqui.
Falaram em todos os meios possíveis e de todas as formas possíveis sobre o movimento de ocupação. Falaram bem e mal, falaram muitas vezes do que nem sabiam, mas não deixaram de opinar, chamaram-nos de desocupados, baderneiros e até de comunistas. A mídia de credibilidade foi imparcial na cobertura dos fatos, a de boteco tomou partido de uma realidade da qual não tem nem se quer uma opinião plausível para apresentar. A rede televisiva regional permaneceu de costas por um tempo, e quando nos olhou ainda o fez cheio de julgamentos.
Qual o estado da UNEB? OCUPADO! Por quanto tempo? ATÉ QUE SEJAMOS OUVIDOS. A universidade não está ocupada por um monte de estudantes que não tem o que fazer como foi falado por diversas vezes. Não! Ela está ocupada por pessoas cheias de esperanças e que cansadas de esperar, e desiludidas pelas falácias cotidianas e medidas paliativas que só amenizam os problemas, fizeram o que todo sujeito dito cidadão deveria: Exigir o respeito aos seus direitos e ao cumprimento efetivo desses direitos.
Por fim devo dizer que poderíamos embasar nossos discursos em qualquer um dos grandes filósofos que se destacaram na história da humanidade, mas não! Prefiro citar um dos companheiros do movimento que disse: “A UNEB tem uma “arma” apontada pro nosso coração, quando nos obriga a assistir seis aulas de uma mesma disciplina, a UNEB tem uma “arma” apontada pro nosso coração, quando oferece cursos com apenas dois professores efetivos, a UNEB tem uma “arma” apontada para o nosso coração...” espero que essa mobilização prove não só a nós mesmos, mas a toda a sociedade que quando nos unimos em prol de uma causa nobre e nos dedicamos a ela, as mudanças acontecem. “Não é o povo que tem que temer o seu governo, é o governo que tem que temer o seu povo”. (V de Vingança, 2005). Enquanto houver força e esperança, estaremos lutando.

sexta-feira, 13 de março de 2009

“As Portas da Percepção”


Ouço sons, mas eles não fazem muito sentido. E mesmo que fizessem, perder-se-iam todos à porta da minha percepção. É desafiador quando o estar feliz se torna volátil e a busca por uma utópica paz interior transforma-se na cotidiana e infinita guerra entre o interno e o externo. Tanto que de tão confuso fico deprimido de alegria e estou sorrindo de tristeza, ando tão a míngua do abstrato conceito de felicidade, Que as desgraças alheias me trazem contentamento.

P. S., por favor, não me julguem, só estou reproduzindo as falas amigas quando dizem: “não reclame! Tem gente pior”. Resquícios da mesquinhez humana que alivia sua dor ao saber que o próximo sofre mais.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Vestido vinho


O corpo loiro do vestido vinho, ou, o vestido vinho do corpo loiro? Não sei! Porém quem se apegaria a conceitos diante da imagem, os lábios entreabertos e os olhos focados no livro sobre a mesa, por que a mão apoiando o rosto, e os pés batendo o chão como se marcassem um compasso? Os fios do seu cabelo hoje não estão assanhados, deitados prestam uma solene homenagem ao corpo loiro vestido de vinho... ao loiro vestido de vinho.

Mulheres

Na realidade eu discordo da necessidade de uma única data pra homenagear as mulheres, por entender que são merecedoras de todos os louros, flores e poemas cotidianamente. Mas diante dessa imposição e de toda a amplidão da data eu não poderia furtar-me o direito de dizer que se existe um conceito de perfeição aplicável, esse tem sem duvida a imagem da figura feminina. Sejam elas, avós, mães, filhas, namoradas, esposas, amigas, enfim, mulheres. Pessoas que conseguem um misto de força e singeleza, explosão extrema e meiguice, são absolutamente donas de seus sorrisos, mas de lágrimas involuntárias. A mulher é a clara representação da natureza em sua essência, são fortes, bravas, em momentos em que seria normal desesperar-se, no entanto, perdem completamente o controle diante de coisas tão simples que por vezes me fazem ri. É essa dicotomia que torna cada mulher rara e especial. Portanto, feliz dia internacional das mulheres!

segunda-feira, 2 de março de 2009

A flor de Lótus do Meu Jardim


Sou humano e dentro de toda complexidade que esse ser reúne, eu me debato em questões mínimas, de difíceis resoluções, mas mínimas. Por exemplo, a pessoa “perfeita” para minha vida... não existe! No entanto aí está à mágica, pois, o que torna (em minha opinião obviamente) uma pessoa apaixonante são seus erros, e a forma como ela se comporta diante desses erros. A peculiar maneira como cada pessoa encontra suas soluções é o que transforma o paradoxo da vida em algo incrível.
Enquanto humano e complexo, não foram os momentos mais felizes que me deram o que hoje pra mim é importante, ao contrário, não vou dizer que foram os mais tristes, entretanto, os mais difíceis me trouxeram as melhores lições.
Para tanto entendi que um rosto rubro de vergonha, acompanhado de um sorriso meigo é mais caro que as revoluções que encabeço em prol de terceiros. Percebi que cheiros só são especiais quando são capazes de te mover, e movem, como quando sinto o seu cabelo e tenho a sensação de estar em um jardim... um jardim de uma única flor... um cálido lótus branco, de aspecto frágil, todavia imune a qualquer tipo de dor.

Paz


Se o objetivo de toda guerra é a paz como defendia Sun Tzu, então começamos uma guerra para conquistar o que já tínhamos antes dela. Todavia esquecemos que o termo PAZ agora tem um conceito bem mais amplo, dentre eles, podemos enumerar: dinheiro, poder, potencial bélico nuclear, dentre tantos outros. Enquanto esse for o conceito de paz a guerra será o único caminho para alcançá-lo.

Carnaval



Pensar em carnaval nos remete a inúmeros pontos distintos da história do homem. No entanto pensando momentos distantes no tempo histórico, ou, datas mais recentes, a essência básica do carnaval é a alegria, a comemoração, o desregramento do deus grego Dionísio em negação a razão rígida do também deus grego Apolo. E é nesse ponto, quando falamos de alegria, que se estabelece o meu paradoxo.
Pois mesmo em tempos de “alegrias” carnavalescas o cenário que se percebia em Caetité era o mesmo das cidades fantasmas dos filmes de faroestes americanos, só faltaram as bolas de fenos rolando pelas ruas. Os que fizeram a “opção” (para os mais críticos, me perdoem as aspas, são resquícios do sistema) de permanecer aqui tiveram no sábado e no domingo a oportunidade de se divertirem num “carnaval” organizado por uma pequena parcela do comércio local. Pra variar grande parte do repertório escolhido não poderia ser diferente: arrocha!
Entretanto, prefiro pensar pelo lado positivo, não temos aqui os conflitos que dividem a opinião pública em salvador, por exemplo, quando os foliões dizem que o carnaval tem que se estender por toda a quarta-feira de cinzas, enquanto a Igreja diz que a festa tem que acabar na madrugada de quarta. (já vivemos tantos conflitos, que por horas a mais ou a menos poderíamos evitar esse). Mas para felicidade dos caetiteenses, e da Igreja local o carnaval do parque terminou na madrugada da segunda-feira. O restante dos dias foram de um silêncio assustador, interrompido pelo barulho de alguns “trios elétricos” particulares que cotidianamente circulam pela cidade, tocando adivinhem o que? Acertaram: arrocha!
Só não entendam aqui que eu tenho alguma coisa contra o ritmo intitulado arrocha, pois não tenho, acho até uma dança sensual, guardados os exageros, é que assim como não dá pra tocar música clássica no São João, não dá pra tocar arrocha no carnaval.
25/02/09