sábado, 31 de julho de 2010

Desvelo

O amor condiz à vida, assim, como a tristeza é o desvelo da morte. A imortalidade não tem sentido diante da incapacidade de amar. Torna-se simplesmente o reflexo do triste, como a escuridão de um eclipse sem final.

Dou-te a opção de se perder completamente por amor, ou de viver pela eternidade sem jamais conhecê-lo; E entenderá que só o sentimento dá sentido ao tempo. Só a imagem do que se ama dá cores ao nostálgico. E quando não se ama, busca-se desesperadamente o formato do sabor que te trará este bem. Busco o rosado claro dos lábios entreabertos; desesperado, procuro teu cheiro para não ficar só as zero hora que antecipa o primeiro minuto da madrugada de um domingo qualquer.

Teus cabelos soltos são a bela visão de que os sentimentos podem ter formas, mas teus sorrisos me afirmam que elas não são fixas e nem específicas. Envolvo-te num abraço, como quem desenha um coração a tua volta, e deixo-te a mais serena dúvida de onde realmente estás segura, se dentro deste espaço ou distante dele.

Toda distância pode ser vencida pelo pensamento, mas nem sempre se pode tudo o que se quer. E eu me encontro exatamente onde me perdi: diante dos teus olhos me dizendo que eu não posso avançar nem mais um milímetro, porque tua boca é nociva a permanência da minha eternidade.