A fantasia da vida é achar que o dia de amanhã vai ser melhor que hoje. A literatura tem a capacidade de nos fazer refletir sobre o que está além do que os olhos captam com o primeiro olhar. Ela desenha a estrada de tijolos amarelos que nos levam para realidades que só nos são possíveis por lápis e papel. Por linhas mal traçadas que sempre nos elevam em essência. Imagine-se numa completa escuridão em que alguém ascende refletores apontados para os seus olhos. Qual a sensação?
Esta cegueira branca tão comum aos leitores de Saramago é o exato sentimento que tive ao saber de sua morte. Diante desta realidade, comungo do pensamento de Fernando Meireles, diretor da adaptação do livro: Ensaio Sobre a Cegueira para o cinema, “O mundo ficou ainda mais burro e ainda mais cego”. Todo dia quando o sol nascer, o seu brilho estará um pouco mais fosco sem as letras do único escritor de língua portuguesa a ganhar o Nobel de Literatura.